| 16 Outubro 2013
Internacional - América Latina
Internacional - América Latina
Os
esforços de proteção não servirão de nada se não existe um dispositivo
de luta contra a impunidade à altura da situação atual.
Ricardo
Puentes Melo afirma que sua posição ideológica, as críticas ao
presidente Santos e em particular a advertência de que as FARC
atentariam contra o ex-presidente Álvaro Uribe, determinaram a retirada
de sua proteção.
Investigar e informar não acarreta problemas a um jornalista em uma sociedade democrática, porém, quando ele precisa prealizar suas atividades sob um regime de forças ou em meio de grupos irregulares que dirimem suas diferenças por meio da violência extrema, o jornalismo torna-se um ofício particularmente perigoso. Sob essas circunstâncias, o exercício de informar está sujeito às limitações que impõem as diferentes fontes de poder que concorrem nessa sociedade, por isso quando os jornalistas transgridem os limites que os poderosos impõem, convertem-se para os depredadores no objetivo a destruir, sejam estes governos ou sicariatos.
Isto
exemplifica as declarações do presidente da Sociedade Interamericana de
Imprensa (SIP por sua sigla em espanhol), Jaime Mantilla, em Honduras,
que manifestou que as ações do crime organizado, do narcotráfico, dos
governos autoritários e da impunidade, são as maiores ameaças à
liberdade de expressão na América Latina.
Mantilla acrescentou: “Agora
mais do que nunca o narco-tráfico e o crime organizado atentam contra a
liberdade de expressão, assassinando e ameaçando jornalistas”.
Recentemente
o diretor para as Américas de “Repórteres sem Fronteiras”, Benoit
Hervieu, disse no Chile que a violência física contra os jornalistas e a
elevada polarização política, são as principais ameaças para a
liberdade de informação no hemisfério.
Segundo
informes da Rede de Intercâmbio Internacional pela Liberdade de
Expressão na América Latina e o Caribe, mais de 74 jornalistas foram
assassinados no hemisfério entre 2010 e 2012; nesse período só em
Honduras foram mortos 21 jornalistas, embora outras entidades afirmem
que foram 35 as vítimas.
Repórteres
sem Fronteiras destaca em um documento que no Brasil foram assassinados
três jornalistas, na Guatemala outros dois, e no Haiti, México,
Paraguai, Peru e Equador, foram registrados um assassinato por país só
neste ano.
Situações
extremas apresentaram-se no México. Desde o ano 2000 até o presente,
foram assassinados 103 jornalistas. No Brasil, desde 1992 até os dias
atuais, mataram, segundo o Comitê de Proteção aos Jornalistas, 27
comunicadores, onze dos quais foram mortos nos últimos três anos.
Na
Colômbia, uma das mais sólidas democracias do continente mas agitada
pelas narcoguerrilhas e outros grupos irregulares como os paramilitares,
os jornalistas pagaram uma cota de sangue por defender seu direito de
informar. Uma jornalista investigativa, Diana Calderón, reportou que
entre 1993 e 2008, foram assassinados 1127 jornalistas, 57 dos quais
estavam vinculados à prática profissional.
Outro
informe do CPJ denunciou o assassinato de um vendedor de jornais de um
diário colombiano e o crime de Edison Alberto Molina, um advogado e
político que conduzia um programa no qual denunciava atos de corrupção
governamental. Por sua parte, Repórteres sem Fronteiras solicitou ao
governo colombiano proteção para Gonzalo Guillén, León Valencia e Ariel
Ávila por planos de assassinatos contra eles, ao mesmo tempo em que
demandava que se investigasse judicialmente a conspiração criminal da
qual são vítimas os comunicadores.
Mais recentemente, o “Centro de Pensamento Primeiro Colômbia” avisou sobre o risco que poderia correr o diretor do portal Periodismo sin Fronteras,
Ricardo Puentes Melo, após a decisão oficial de retirar-lhe o esquema
de proteção designado pelo governo, uma vez que desde o ano de 2000 a
Colômbia conta com um Programa de Proteção aos Jornalistas e
Comunicadores Sociais.
De
acordo como o Primeiro Colômbia, a organização que Pontes Melo dirige
fez graves revelações da condução política do governo do presidente Juan
Manuel Santos, e que por isso lhe retirou a proteção, situação que o
diretor da Unidade Nacional de Proteção, Andrés Villamizar, nega,
declarando que as medidas são retiradas quando os estudos de um comitê
especializado assinalam que o risco desapareceu.
Entretanto,
Puentes afirma que sua posição ideológica, as críticas ao presidente
Santos e em particular a advertência de que as FARC atentariam contra o
ex-presidente Álvaro Uribe, determinaram a retirada de sua proteção.
Jaime
Mantilla, em sua condição de presidente da Sociedade Interamericana de
Imprensa afirma que os Estados Unidos são os responsáveis por garantir a
segurança e a liberdade de expressão, porém que muitos governos cumprem
com suas atribuições constitucionais, enquanto Repórteres sem
Fronteiras afirma que
“os
esforços de proteção não servirão de nada se não existe um dispositivo
de luta contra a impunidade à altura da situação atual”, e lembra que “nos
últimos tempos multiplicaram-se as ameaças, os ataques e os atentados
contra os jornalistas, e também contra defensores dos direitos humanos,
representantes sindicais e ativistas das comunidades”.
O que foi dito acima leva a uma conclusão: nossas liberdades e direitos estão em perigo até nas democracias. O que vamos fazer?
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