08/10/2014
às 21:10Depoimento de Paulo Roberto atinge o coração do PT e a campanha de Dilma em 2010. Ou: A depender das urnas, titular do próximo quadriênio não chega ao fim
O
PT está numa enrascada. O pior é que, a depender do resultado das
urnas, o Brasil também. Vamos ver, como diria o poeta Horácio — na bela
ode em que homenageia a sua Leuconoe — , que destino os deuses nos
reservam. Conforme for, a pessoa que encabeçar o próximo quadriênio não
chegará ao fim do mandato, que pode ser abreviado ou pela Justiça ou por
um processo de impeachment. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras, prestou seu primeiro depoimento à Justiça
depois do acordo de delação premiada. Ele sabe que, caso comece a dizer
sandices e invencionices, o pacto é desfeito, e ele arca não só com o
peso inicial dos delitos cometidos como com sanções novas. Assim,
deve-se, quando menos, prestar atenção ao que diz.
Segundo
informa a Folha (ver post anterior), ele afirmou com todas as letras que
o esquema corrupto que ele operava na Petrobras para políticos recebia
3% do valor líquido do contrato com a estatal. O dinheiro era dividido
entre ele próprio e três partidos: PT, PMDB e PP. Segundo a PF, a
quadrilha chegou a movimentar R$ 10 bilhões na estatal. Sim, dez
BILHÕES! Teriam atuado no esquema Sérgio Machado, presidente da
Transpetro — de quem Paulo Roberto admite ter levado uma propina de R$
500 mil —, Nestor Cerveró, Jorge Zelada e o petista Renato Duque, todos
ex-diretores da estatal.
Mas não
só. José Eduardo Dutra, atual diretor Corporativo e de Serviços, também
seria ligado ao grupo. Pois é… Dutra foi um dos coordenadores da
campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010. Pertencia ao trio que
Dilma apelidou de “Os Três Porquinhos”. Os outros “porquinhos” eram José
Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça, e Antonio Palocci, que,
segundo Paulo Roberto, pediu R$ 2 milhões ao esquema em 2010 para pagar
contas da campanha de Dilma.
Nestor
Cerveró, um dos acusados por ele, é o homem que organizou a operação de
compra da refinaria de Pasadena, que, segundo o TCU, deu um prejuízo à
empresa de US$ 792 milhões. Na delação premiada, Paulo Roberto já
confessou que levou propina também nessa operação. Dilma, à época, era
presidente do Conselho e alegou não saber de nada. Logo depois, Cerveró
deixou o cargo, mas a já presidente Dilma o nomeou para ser diretor
financeiro da BR Distribuidora. Renato Duque sempre foi considerado o
homem do PT na Petrobras e ocupou a poderosa Diretoria de Serviços entre
2003 e 2012. Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional, foi
indicação do PMDB.
Até onde
vai Paulo Roberto Costa? Insisto: ele conhece os termos de uma delação
premiada. Se falsear ou se tentar induzir a Justiça a erro, em vez da
liberdade possível, ficará mofando na cadeia por muitos anos. Todos têm
direito de se defender e certamente o farão. O fato é que Paulo Roberto
Costa está dizendo que a campanha eleitoral do PP, do PMDB e do PT —
inclusive da então candidata Dilma Rousseff — foi em parte financiada
com dinheiro sujo, roubado da Petrobras.
E agora? Se Paulo Roberto Costa estiver certo, a Papuda será pequena para abrigar tantos figurões.
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