quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Mídia Sem Máscara - Fuja para a realidade

Mídia Sem Máscara - Fuja para a realidade

Quando vejo um teaser de um programa sobre "a ascensão da direita radical na Europa e nos Estados Unidos[!!!]", concluo que a Globo News já pode se chamar Foro de São Paulo TV.

Paula Lavigne não quer censurar apenas as biografias. Quer também escolher o tom do debate. O dos adversários, é claro. Talvez devêssemos todos mandar para ela os nossos argumentos, para que ela escolha antes qual podemos usar.

Minhas notas recentes no Facebook. (A última é o convite para o nosso encontro por videoconferência com Olavo de Carvalho.)
I.

'Black Blocs' de ontem e de hoje, na luta por algo que ainda não sabem o que é (e ainda tem idiota que vai atrás):

"[Os estudantes revolucionários querem] uma forma de organização social radicalmente nova, da qual não sabem dizer, hoje, se é realizável ou não.”
(Daniel Cohn-Bendit, Paris - 1968)
"Ainda não sabemos que tipo de socialismo queremos.”
(Lula, América Libre - 2010)

"[O socialismo petista] é um processo de sucessivas conquistas econômicas, sociais, políticas e culturais que abrem caminho para novas conquistas. É um caminho que se renova e se amplia à medida que o percorremos. Pode contemplar momentos de rupturas, mas se faz também no dia-a-dia. Não descuida do presente, mas tem seus olhos postos no futuro. Mas esse futuro não é um porto de chegada ou uma fortaleza a ser conquistada. É antes uma construção histórica."
(Resoluções do 3º Congresso do PT - 2007, p. 15 -http://www.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf)

"Os exemplos da aguerrida Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Natal são também prelúdios de um novo tempo, o tempo de rua. Que venham as lutas, que venham as ruas, que venha um futuro diferente. A rua é nossa!” (Integrante paraense do PSOL, vestindo uma camisa de Lenin - 2013 - http://youtu.be/tFmMdHl2EVM)

“A lógica egoísta e destrutiva da produção, condicionada exclusivamente ao lucro, ameaça a existência de qualquer forma de vida. Assim, a defesa do socialismo com liberdade e democracia (sic) deve ser encarada como uma perspectiva estratégica e de princípios. Não podemos prever as condições e circunstâncias que efetivarão uma ruptura sistêmica.”
(Programa oficial do PSOL, item 1: 'Socialismo com democracia, como princípio estratégico na superação da ordem capitalista' - http://psol50.org.br/site/paginas/2/programa)
* Ver também artigo de Alexandre Borges, A hora e a vez da ruptura sistêmica.

"Estamos lutando por algo que ainda não sabemos o que é, mas que pode ser o início de algo muito grande que pode acontecer mais para frente." (Integrante do movimento Black Bloc em entrevista à BBC Brasil - 2013.)

“Por enquanto, a única alternativa concreta é somente uma negação.”
(Herbert Marcuse)

Somos favoráveis ao terror organizado — isto deve ser admitido francamente.”
(V. I. Lenin)

*****

"Karl Marx já opinava que era inútil tentar descrever como seria o socialismo, já que este iria se definindo a si mesmo no curso da ação anticapitalista. (...) Nessas condições, é óbvio que duzentos milhões de cadáveres, a miséria e os sofrimentos sem fim criados pelos regimes revolucionários não constituem objeção válida. O revolucionário faz a sua parte: destrói. Substituir o destruído por algo de melhor não é incumbência dele, mas da própria realidade. Se a realidade não chega a cumpri-la, isso só prova que ela ainda é má e merece ser destruída um pouco mais."
(Olavo de Carvalho, 'A promessa autoadiável', Diário do Comércio, 30 de agosto de 2010 - http://www.olavodecarvalho.org/semana/100830dc.html)

II.

Da série "O óbvio dos óbvios":

1.

No dia em que brasileiro aprender a distinguir salário de professor e educação de qualidade, a educação já terá avançado muito.

2.

Quando um conservador fala da demonização que os esquerdistas fazem dele, ele se refere a ataques pessoais que ignoram o conteúdo de suas ideias. Quando um esquerdista fala da "demonização" que os conservadores fazem dele, ele se refere à demolição impiedosa de seus argumentos e ao desmascaramento intelectual de seus métodos, aos quais ele não pode responder senão comprovando o que o conservador disse.

3.

[Nos EUA cada vez mais Brasil:]

"Não existe uma mídia de notícias. Existe uma mídia, mas ela nada mais é do que um braço do Partido Democrata e da esquerda americana. Eles têm a oportunidade de operar sob o pretexto de ser uma mídia para que os eleitores de baixo nível de informação pensem que estão lendo e consumindo notícias."
(Rush Limbaugh)

III.

Só para não perder o hábito de zombar dos colunistas do Globo.

['Normas de redação' aqui: https://www.facebook.com/felipe.m.brasil/posts/10151977022841874]

noblat
IV.

Arnaldo Jabor, no Jornal da Globo: "Um dia vamos agradecer ao destino por Obama ter estado no poder."

Jabor está atrasado: a Al-Qaeda e a Fraternidade Muçulmana já estão agradecendo há muito tempo.

V.

Quando vejo um teaser de um programa sobre "a ascensão da direita radical na Europa e nos Estados Unidos[!!!]", concluo que a Globo News já pode se chamar Foro de São Paulo TV.

VI.

Para o jornalismo brasileiro, não existe mais direita no mundo: só direita radical, extrema-direita, direita fanática etc. Quem não fizer uma oraçãozinha para São Obama já é meio fundamentalista.

[PS: Dias depois que escrevi essas últimas notas, Arnaldo Jabor publicou um texto sobre os "fundamentalistas do Tea Party", "mais perigosos que os islamitas guerreiros, que explodem trens e aviões mas não destroem a economia mundial por rancor, vingança e racismo, como os pequenos canalhas que humilhavam os negros na Flórida quando eu apareci por lá". Jabor também chamou os republicanos de "homens-bomba americanos". Demonização pouca é bobagem...]

VII.

Veja na imagem como um impostor intelectual de esquerda atua:

impostor

Desmascarado no meu artigo "Quem são os fanfarrões?", também publicado no Mídia Sem Máscara, Michel Arbache se faz de coitadinho e, a rigor, chama a si próprio de idiota, uma vez que foi ele quem mediu Olavo de Carvalho por supostamente não ser levado a sério por ninguém.

Eis aí, como queríamos demonstrar.

VIII. 

Um filme para ver e rever e dar pausa e colocar em câmera lenta e pegar a pipoca... Vale mais que todo o cinema brasileiro junto. E que todas as UPPs do Beltrame. E que todos os discursos do Marcelo Freixo. E que todos os textos do Sakamoto. E que todos os embargos infringentes do STF. O mínimo que você precisa saber sobre ser um PM de verdade num país de mentira: http://bit.ly/GN0e84.

[Atenção: o vídeo abaixo contém cenas fortes.]

IX.

Biografia autorizada é autobiografia terceirizada.

Se o movimento "Procure Saber" de-Caetano-Veloso-mas-não-da-sua-vida-sem-lhe-dar-um-dinheirinho quer proibir a publicação de biografias não autorizadas, exigindo ainda que o biografado seja remunerado nos casos em que as autoriza, sua pretensão é acabar com todo um gênero literário. Coisa de quem, como bem escreveu o editor da Record, Carlos Andreazza, odeia o que jamais poderá compreender.

X.

Título para biografia: "O mínimo que você precisa saber sobre Caetano Veloso, porque o máximo ele não autorizou".

[Ver também: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/censura-previa-e-demagogia-caetano-chico-sei-la-quem-nossos-herois-morreram-de-uma-overdose-de-realidade-e-ainda-ruffato-o-novo-candidato-a-heroi/ e http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed742_e_a_liberdade_que_esta_em_jogo]

XI.


Se alguém aí não entendeu quando eu disse que "biografia autorizada é autobiografia terceirizada", Ruy Castro agora traduz:

"As pessoas não sabem o que é uma biografia autorizada. Não quer dizer que a gente pede autorização para fazer. Eu tenho é que pegar o trabalho de cinco anos e mandar a biografia para o Chico ou o Caetano lerem e eles devolvem cortando o que eles não gostaram. Isso é censura prévia. Ou eu não falo português.(http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/11/perguntei-se-o-biografo-vai-pagar-um-dizimo-ao-biografado-diz-ruy-castro.htm)

XII.


Pronto. Só faltava o Chico Buarque. Agora O Globo está completo:http://oglobo.globo.com/cultura/penso-eu-10376274. Pena que estou indo dormir. Quando eu acordar, provavelmente Reinaldo Azevedo já terá cuidado dele. Mas deixo aqui uma tradução sintética do seu artigo, contrário às biografias não autorizadas.

É assim: "Se eu processasse o autor e mandasse recolher o livro [já publicado], diriam que minha honra tem um preço e que virei censor." Então prefiro ser chamado de censor censurando o autor previamente mesmo.

****

Espero que Chico escreva mais, em vez de só colocar seu nome em um monte de abaixo-assinados a favor das maiores canalhices da Terra. Quando escreve em buarquês o que pensa em caetanês (ou vice-versa), ele mostra quem é: apenas um esquerdista histérico que posa de coitadinho para reivindicar leis a seu favor.

PS: Quanto à resposta do Globo [http://oglobo.globo.com/opiniao/pingo-nos-iis-10375852], a gente sabe que briga de amor não dói.

XIII. 

As mentiras de Chico Buarque - repercutidas por Paula Lavigne como verdades no programa 'Saia Justa', do GNT - já foram expostas por Paulo César Araújo:http://oglobo.globo.com/videos/t/todos-os-videos/v/exclusivo-chico-falou-a-paulo-cesar-de-araujo/2893217/ [em vídeo], http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/10/1357464-biografo-de-roberto-desmente-chico-buarque-que-diz-nao-ter-sido-entrevistado.shtml e http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/biografia-nao-e-fofoca-rebate-autor-de-livro-sobre-roberto-carlos; e por Luiz Schwarcz:http://www.blogdacompanhia.com.br/category/colunistas/; bem como analisadas por Márvio dos Anjos: http://globoesporte.globo.com/platb/marvio-dos-anjos/2013/10/16/na-pelada-uma-biografia-de-chico-buarque/; e comentadas por Reinaldo Azevedo:

"Chico Buarque, considerado um verdadeiro herói da luta contra a censura — um dos esportes dos militantes de esquerda d’antanho era caçar suas metáforas contra o regime… —, escreveu um texto no Globo explicando por que defende a censura prévia no caso das biografias. O artigo, autocomplacente, se chama 'Penso eu'. Não há pensamento nenhum lá. Há apenas o relato de uma experiência pessoal, que ele não considerou agradável. Pessoas envolvidas já o desmentiram. A vida é assim. O episódio teria acontecido durante o Regime Militar. Hoje, o Brasil é uma democracia, e existem meios de se coibirem crimes contra a honra ou corrigir inverdades sem apelar à censura, que era justamente um dos instrumentos que serviam à ditadura, contra a qual Chico produzia metáforas em penca. O artigo é de uma estupidez altiva, muito própria da personagem. Uma experiência pessoal malsucedida — se verdadeira… — é o bastante para justificar, então, uma medida de força, tomada pelo estado. (...)" http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/chico-buarque-faz-escola-maria-do-rosario-dos-direitos-humanos-quer-tirar-do-ar-um-blog-de-humor/

Mas voltemos à Paulinha...

XIV.

O caso Amarildo agora serve até para justificar a censura prévia de biografias. Eis o raciocínio de Paula Lavigne, no 'Saia [in]Justa':

1) A indenização por dano moral no Brasil é uma indecência.
2) O cálculo do valor é feito a partir do imposto de renda.
3) Amarildo é morto pela polícia e sua família tem direito a apenas um salário mínimo.
4) Você acha justo que venham cineastas de Hollywood fazer um filme sobre o caso Amarildo sem dar um centavo à família?
5) Conclusão: devemos impedir a publicação de biografias não autorizadas e exigir remuneração aos biografados e seus herdeiros.

O dever de casa de vocês é analisar essa argumentação, ok?

XV.

Ok. Eu analiso só um pouquinho, de forma benevolente: se a Justiça não funciona, ou Paula Lavigne a considera injusta, o jeito é estabelecer a censura prévia, que lhe parece perfeitamente justa.

É o velho modo esquerdista de pensar: para reparar o que se considera injusto, propõe-se a criação de mais injustiça.

Capitão Nascimento pergunta se, diante de tanta impunidade, não é melhor então legalizar logo a execução de bandidos algemados.

Eu pergunto o que os cineastas de Hollywood têm a ver com o "dano moral" brasileiro: vamos cobrar deles a indenização faltante?

XVI.

Num minuto, Paula Lavigne reage histericamente a Barbara Gancia, dizendo algo como "então vamos deixar morrer todos os pobres, todos os Amarildos". No outro, é um doce de pessoa, dizendo que o debate tem de acontecer "sem linchamento, sem bullying".

Paula Lavigne não quer censurar apenas as biografias. Quer também escolher o tom do debate. O dos adversários, é claro. Talvez devêssemos todos mandar para ela os nossos argumentos, para que ela escolha antes qual podemos usar.

Se a chamarmos de censora por censurar biografias... ela censura.

[Pós-escrito: Ver também "A larga estupidez de Paula Lavigne no 'Saia Justa'", de Reinaldo Azevedo.]

XVII. 

festival

Esta é a foto (da foto) que tirei com o diretor argentino Juan José Campanella há 4 anos, no Festival do Rio de 2009, quando ele veio lançar no Brasil sua obra-prima vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, "O segredo dos seus olhos", como se já não bastassem "O mesmo amor, a mesma chuva", "O filho da noiva" e "Clube da Lua", todos eles na minha lista de favoritos (muito antes de Campanella virar modinha, ok? Isso: palmas para mim.)

Quando assisto a uma entrevista como esta que ele deu agora ao programa Starte da Globo News, por ocasião do lançamento de sua primeira animação, "Um time show de bola", só não fico constrangido pelos cineastas brasileiros porque, em geral, eles estão abaixo das possibilidades de despertar vergonha alheia.

Eis aí um diretor que se contrapõe à perda de valores humanos fundamentais que invariavelmente acompanha o suposto progresso; cujos protagonistas buscam resgatar esses valores ou encontrá-los pela primeira vez, sem que o resultado sejam meras afetações de bom-mocismo; que, por experiência pessoal, reconhece - como Viktor Frankl ensinava - que não podemos escolher as coisas que nos acontecem, mas sim as reações que temos diante delas, de modo que coloca seus personagens frente a desafios que os farão crescer ou morrer, mas nunca se render a um vitimismo vexaminoso; que mostra também às crianças que não é preciso vencer ou ficar famoso a qualquer custo e que, às vezes, ganha-se o amor desejado, perdendo; que não é "um pesquisador que faz cinema no vazio", mas sim alguém que tenta se comunicar com o público, menos preocupado em inovar do que em fazer filmes como os dos anos 1970 com os recursos disponíveis hoje.

Tudo que o fetichismo brasileiro consagrou como foco é, para Campanella, apenas ferramenta, chamariz, elemento ou pano de fundo de uma história sempre comovente e muito engraçada sobre o drama humano contemporâneo universal. Diz ele:

"Acredito que os temas são universais e os sabores são locais. Acho que o tema de que fala 'O segredo dos seus olhos', por exemplo, é o da justiça e da covardia em geral no mundo. Mas a história se passa na Argentina, então fazemos com que o público conheça um sabor local - a cidade, a nossa linguagem etc. -, mas o que estamos contando é uma história universal. Então isso é importante porque assim se conhecem outras culturas. O cinema é uma grande fonte de identificação cultural."

Se o Brasil dos Diegues, Jabores, Waltinhos, Padilhas e Meirelles tivesse um diretor de cinema (unzinho só) com metade do desprendimento, da inteligência, do senso de humor, da sensibilidade e do domínio da linguagem cinematográfica do argentino Juan José Campanella, talvez ainda valesse a pena assistir a mais do que seus trailers.

* (Um dia escrevo mais a respeito.)

XVIII.

Espero vocês em São Paulo neste sábado:


video1

video2

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