Após discutir com algumas pessoas cuja deformação moral se apóia em frágeis alegações e ridículas e antiquadas frases feitas, tipo "Dona Maria vai pilotar fogão", fui conduzida até um texto muito infeliz que, pasmem, foi escrito por uma jornalista profissional com um curriculo que talvez muitos invejem. Eu não! Porque sei lá quais foram os meios usados para avaliar a competência da moça. Só posso afirmar que no meu jornal ou revista, não escreveria. Nunca daria espaço para textos que funcionassem como válvula de escape para recalques!
Como não sei se meu comentário será publicado, reproduzo aqui o texto e o comentário logo abaixo.
Desde já peço a compreensão e desculpas a meus amigos e colegas de ideais, pois o referido texto foi publicado num veículo que, absolutamente, não faz parte do meu "repertório". Tampouco conta com minha credibilidade e respeito. Mas fazer o quê? É o tipo de leitura do qual se vale o tal infeliz com quem discuti e onde a moça escreveu a estultice!
Segue o besteirol:
A mulher machista
Cynara Menezes 13 de junho de 2011 às 16:14h
O escritor Nelson Rodrigues tinha uma vizinha velha, gorda, patusca e cheia de varizes que era a maior inimiga da revolução feminista. À janela ou sentada em sua cadeira dobrável na calçada, cismava com as jovens mulheres em mutação. A dona-de-casa que arranjava emprego fora? Imoral. A mocinha que ia à praia pela primeira vez com um maiô duas peças? Indecente. A odalisca que mostrava o umbigo no carnaval? Ah, essa aí então é melhor nem comentar.
Pois eu pensava que a vizinha gorda e cheia de varizes do Nelson Rodrigues tinha morrido. Que nada! Um outro vizinho do anjo pornográfico, também jornalista, achou que a patusca levava jeito para as letras. E não é que a velha virou colunista de jornal? Entusiasmada com a vida nova, deu uma guaribada no visual, esticou a cara e fez lipoaspiração. Parou até de andar com as pernas envoltas em gaze para disfarçar as veias inchadas, corrigidas na mesa de cirurgia.
A vizinha de Nelson, porém, continua cheia de varizes –na alma. A chegada de uma mulher à presidência da República deixou-a furibunda. “Que espeto!” Segundo ela, todo mundo está careca de saber que a mulher pode até ser igual ao homem em algumas profissões, mas jamais na vida pública. Homens são profissionais da política; mulheres são amadoras, diz a vizinha patusca. A mulher por natureza é frágil, e sempre vai precisar do auxílio do homem, vaticina a velha gorda e varicosa. Além do mais, considerou que não havia nenhum sentido em celebrações. “Como assim primeira mulher no comando? Esqueceram da Princesa Isabel?”
Cada ministra escolhida pela presidenta mereceu um muxoxo da vizinha de Nelson Rodrigues. Miriam Belchior? “Machona que nem a Dilma”. Maria do Rosário? “Falta pulso”. Luiza Bairros? “Só foi escolhida porque é negra”. Iriny Lopes? “Irrelevante”. Ana de Hollanda? “Ah, se não fosse irmã de Chico…” Gleisi Hoffmann? “Bonita, parece uma normalista. Ou a Barbie”. Ideli Salvatti? “Histérica e descompensada”. E para que, afinal, colocar tanta mulher no ministério, se homens são infinitamente melhor preparados? “Até por ser uma representante legítima do gênero”, disfarçou a matrona, “torço para que dê certo, mas acreditar, eu não acredito”.
A vizinha gorda e cheia de varizes de Nelson Rodrigues não quer nem saber do que aconteceu no Chile, onde a presidente Michelle Bachelet governou o país com metade dos ministros do sexo feminino, além de 15 subsecretárias de Estado mulheres. Bachelet terminou seu mandato com 70% da aprovação dos chilenos e só não foi reeleita porque não existe reeleição por lá. “Mas não fez o sucessor”, desdenha a patusca. Bem a propósito, a única similar chilena da velha gorda e cheia de varizes de Nelson veio para o Brasil para se casar com um político da elite paulista.
A velha patusca também não é mais viúva. Casou-se com um colega de jornal, colunista que nem ela, o Políbio Pompeu, senhor de sobrancelhas ásperas e eriçadas como as cerdas bravas do javali e que cultiva um enorme cravo negro nas dobras do pescoço. Pompeu adora dizer, a propósito da presidenta, que “as mulheres descasadas são seres infelizes”, ao que a vizinha gorda e cheia de varizes de Nelson Rodrigues bate na perna, dá uma gargalhada e comenta: “Batata!”
A vizinha de Nelson passou pelo feminismo, mas entendeu tudo errado. Deixou de cuidar da casa, entregou os filhos a uma babá e se orgulha de não saber fritar um ovo. Mas, embora trabalhe no mesmo jornal e praticamente na mesma função que Políbio, seu salário é 20% menor do que o marido, o que ambos consideram perfeitamente natural. A velha patusca, gorda e cheia de varizes acha que o homem merece mesmo ganhar melhor do que a mulher, porque é mais racional e menos emotivo.
Sem falar que não tem TPM.
Cynara Menezes
http://www.cartacapital.com.br/politica/a-mulher-machista/comment-page-3#comment-82237
Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista "VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.
Meu comentário:
Triste! Este texto foi mencionado por um infeliz que se achou no direito de questionar minhas convicções. Fui, portanto, conduzida até aqui por mera curiosidade, uma vez que ele se refere ao texto dizendo lembrar-se de mim.
Acho terrível que uma jornalista considere positivo fazer uma analogia entre a aparência de uma infeliz (creio eu) gorda, varizenta etc..com seu intelecto. Terei que concluir que as menos favorecidas pela aparência serão sempre aquelas condenadas também à mediocridade intelectual?
E o pobre coitado que lembrou-se de mim ao ler o texto acaba, talvez para decepção dele, de dar o aval que não gostaria de dar a todas as afirmações que fiz.
Sou machista sim. Sou feminista sim. Perfeitamente iguais no intelecto, de resto homens são homens e mulheres são mulheres. E que Deus ajude a assim permanecerem!
O primeiro sintoma de ignorância feminina é justamente alimentar essa competição idiota. Homens e mulheres se complementam! Não há nada que faça um melhor que o outro. Apenas SÃO diferentes! Intelectualmente iguais, repito, de resto DIFERENTES. Nem pior, nem melhor!
Michele Bachelet foi melhor do que seria um homem com os mesmos projetos dela? FHC foi melhor do que poderia ter sido Ruth Cardoso?
Sinto muito Cynara Menezes, mas você foi muito infeliz tanto no tema quanto no desenvolvimento de sua idéia. Creio que jamais me acostumarei a ler e ouvir o que esta geração rançosa e vingativa escreve com escárnio disfarçado de humor!
Tenho comigo, por experiência do que já li, que todo ataque ao gênero humano é decorrente da própria insatisfação pessoal, da insegurança, da necessidade de auto afirmação, de uma enorme “precisão”de reconhecimento alheio.
Espero que resolva isso, sinceramente. Se não, vai ser difícil fazer as pazes consigo mesma e tentar ser feliz!
PS: Mocinho bocó
Para sua decepção não sou gorda, nem varizenta, trabalhava com o intelecto, tenho formação superior, sei cozinhar, lavar, passar, eduquei muito bem 4 filhos - todos muito melhores que você - era muito bem paga na minha profissão e gostava muito da função que exercia como profissional fora de casa e gostava muito das minhas funções dentro de casa! Meu marido cumpriu seu papel masculino e eu cumpri o meu feminino! Um complementando o outro conseguimos formar uma família equilibrada, amorosa, respeitosa e bem resolvida!
Azar o seu que tem mente tacanha e pensa que uma coisa impede a outra.
Espero que sua mãe, algum dia, possa ter a oportunidade de se orgulhar do filho como eu posso dos meus! E que ela possa lembrar de ter sido producente dentro e fora de casa! E que você permita a ela, algum dia, ter a consciência tranquila de ter feito o melhor , em todos os aspectos da vida!
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